quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Final de semestre

Finalmente! O semestre está a terminar e esta fornada concluiu o seu percurso para dar lugar a outros. Numa próxima postagem farei o balanço do sucesso/insucesso destes meses com mais pormenor, mas para já, com as avaliações quase concluídas, posso dizer que valeu a pena. É sempre agradável ouvir comentários de alunos que nos dizem: "ainda agora acabou a disciplina de cinema e já temos saudades" ou, "não me importava de ter cinema até ao final do ano". Para quem tinha poucas espectativas no início do ano lectivo, estas manifestações dão um pouco de alento e vontade de trabalhar. Relembro que estes alunos tinham escolhido outra opção mas, como o ME não autorizou a contratação de um professor para leccionar a disciplina de opção de ensino artístico, os alunos tiveram que frequentar o cinema (onde foram raros os alunos que se inscreveram). Também relembro que a generalidade dos alunos não optou pelo cinema porque alguns colegas mais velhos os convenceram a tal (foram eles próprios que o disseram).
Voltando aos resultados, posso garantir que os sétimos anos foram mais empenhados que os oitavos - nestes, o sentido de responsabilidade e a participação nas actividades foi bem menor. Tenho que ver bem qual ou quais os aspectos que devo melhorar, e se tal se justificar, proceder a algumas alterações, mas mantendo a mesma dinâmica, com aulas bastante diversificadas. De qualquer forma, para o 9º ano apenas me interessa que frequantem alunos realmente interessados na disciplina - pelo menos, faço questão de passar esta mensagem e recuso-me a fazer uma publicidade enganosa. Na última aula fui bastante sincero com os alunos, apresentando-lhes o programa e as actividades previstas.
E assim vai (uma parte de) Quarteira
Pedro Félix

domingo, 27 de janeiro de 2008

Animação


Como não encontro à venda nem para aluguer alguns dos filmes de animação que necessito, resolvi fazer uma pequena pesquisa em 400 das 800 páginas com filmes de animação no site http://www.stage6.com/. Fiquei simplesmente maravilhado, animação brasileira (Chico Bento), holandesa (Michael Dudoc de Wit), uma curta de sombras chinesas (mesmo da China), outra do "Pedro e o Lobo" (http://www.breakthrufilms.co.uk/peterandthewolffilm/index.html) com música de Sergei Prokofiev, produzido pelo UK e Polónia, uma visão para as nossas retinas, conseguida com a técnica do Stop-motion.
Os filmes do referido site são de excelente qualidade, excepto alguns maus exemplos, estão em DIVX, mas para visioná-los têm de fazer o download (freeware) do leitor de divx em www.divx.com , é bastante útil e os filmes não perdem qualidade quando convertidos para .avi e gravados em dvd (já experimentei).
Divirtam-se,
Paulo Rodrigues

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A propósito de "Tempos Modernos"


Apesar de ser realizado quando o sonoro já estava consolidado, “Tempos Modernos” manteve os padrões do cinema mudo com a excepção de pequenos pormenores e uma famosa canção cuja letra é desprovida de sentido: "...La spinach or la busho, Cigaretto toto bello, Ce rakish spagoletto, Ce le tu la tu la trois! Senora fila scena, voulez-vous la taximeter, Le jaunta sur la seata, Je le tu le tu le waaah!..." . Pela primeira vez utiliza os gags sonoros. Chaplin ter-se-á inspirado na obra “Viva a Liberdade” de René Clair, para fazer uma crítica social à América da época, onde as novas técnicas de produção em série promovem a desumanização no trabalho e sobretudo, o desemprego. O vagabundo, personagem que Chaplin deu vida durante vários anos, volta a oferecer grandes momentos de humor a par de uma enorme humanidade, quando protege a jovem órfã (Paulette Goddard), que o irá acompanhar no final pela estrada fora até ao infinito, e também na vida real (casaram secretamente em 25 de Junho desse ano).

Em 2007, o American Film Institute considerou "Modern Times" como o 78º melhor filme de todos os tempos.


Mais informação em:



quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fim do 1º semestre

Recebi ontem a fantástica compilação de animação que o Paulo nos mandou. A continuar assim, a disciplina de cinema só tem a ganhar, porque a qualidade das aulas aumenta e obriga a subir a fasquia. Por outro lado, esta atitude do colega de Olhão revela o bom ambiente entre o pessoal que está neste projecto.

Pois agora vamos ter que continuar a fazer materiais onde a qualidade é o mote, e já não há volta a dar. Sempre a aprender, a pesquisar, atrás das novidades... até parece que vale a pena ser professor.

Quanto ao encerramento do semestre, os alunos deste turno estão a concluir as actividades. Só falta praticamente a auto-avaliação nos sétimos. Na última aula gostaria de apresentar aos alunos alguns sítios de animação com filmes e outras informações úteis - os que estão assinalados neste blog mesmo aqui ao lado. Nos oitavos anos, ainda há algumas filmagens a fazer. E este é um dos problemas com que me tenho deparado com muitos destes alunos (se calhar o problema é meu): vão adiando, adiando, até que chega ao fim sem o trabalho estar concluído. O Paulo tinha dito anteriormente que estava surpreendido com a qualidade dos trabalhos. Infelizmente não posso dizer o mesmo. Nesta banda, tenho reparado que muitos miúdos são pouco exigentes consigo próprios, limitam-se a fazer o que é elementar, e muitas vezes não é suficiente. Tem que se continuar a lutar para alterar esta postura.

Mas o problema é que isto só se combate se se reduzir o grau de exigência. Pelo menos é o que muito boa gente defende. Será? Não consigo encontrar resposta. E se o que está em causa é a avaliação, quem se quer prejudicar?

Hoje, uma aluna veio ter comigo e disse que a mãe a estava a ajudar a (re)fazer o trabalho - "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin -, porque o achava interessante e porque eu tinha "pedido" aos alunos para serem criativos. Creio que devo ter feito uma cara de espanto: uma encarregada de educação empenhou-se na realização de uma tarefa. Uma (que eu saiba). Devagar se vai ao longe.

Assim vai (uma parte de) Quarteira

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"Cabíria" de Giovane Pastrone













A partir de 1908 o cinema italiano especializou-se nos grandes épicos, filmes históricos baseados na antiguidade clássica. Cabíria é o nome de uma jovem raptada por piratas cartagineses que, depois de tornada escrava seria salva quando estava prestes a ser sacrificada ao deus Moloque. Este filme foi uma super-produção que custou à data 1.250.000 liras, utilizou milhares de figurantes, mas destaca-se sobretudo pela grandiosidade dos cenários e pela utilização de técnicas de estúdio inovadoras: o travelling (da responsabilidade do fotógrafo/realizador espanhol Segundo de Chomon) e a iluminação.
A personagem do gigante Maciste seria mais tarde associada a Mussolini.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A descobrir

Aviso à navegação: Há uma nova editora/distribuidora no mercado a lançar uns DVD's de categoria: a Flickeralley (http://www.flickeralley.com/) from Los Angeles. Destaco a caixa "Discovering Cinema" com os documentários "Learning to Talk" e "Movies Dream in Color", sobre a ascenção do som no cinema e as experiências de cor. Mas é sobretudo nos extras que estes discos se evidenciam. Apresenta vários filmes significativos das sucessivas propostas de sonorização, desde o som directo até ao Fono-Gramo-Teatro (?), Cinofone (?), processos Phonoscene e Kinetophone até ao Vitaphone (o tal do "Jazz Singer"), acabando no sistema óptico que se mantém, com mais ou menos inovações.
Quanto à cor também há filmes representativos dos processos aditivos e subtractivos. Alguns destes exemplos podiam já ser vistos na colecção "More Treasures From American Film Archives (1894-1931)". A Flickeralley prepara uma colecção de Méliès, o que vem trazer ao mercado uma nova oferta de edições de qualidade - já conhecíamos a americana Kino (http://www.kino.com/) e a britânica Eureka (http://www.eurekavideo.co.uk/) com um vasto catálogo dos pioneiros. Por cá também temos a excelente Midas (www.midas-filmes.pt/), mas que 'ainda' não edita os clássicos do mudo e... infelizmente ainda não há nada dos pioneiros portugueses. É que isto do DVD já começa a tornar o cinema acessível ao zé povinho e não só às elites bem pensantes.

Aquele abraço,
Pedro Félix

sábado, 12 de janeiro de 2008

Aqui, na EB João da Rosa

Já terminei a matéria e nesta fase final do semestre, os alunos apresentaram os trabalhos de pesquisa individual sobre as produtoras/estúdios de animação...fiquei supreendido! Empenharam-se bastante. Um aluno entregou-me (em papel) um trabalho excelente sobre o estúdio Ghibli, apesar de momentos antes ter atirado para o contentor da reciclagem uma lata de sumo... atrás da qual iria a "pen" que continha a única cópia digital do respectivo!!!!!!! Para completar as aulas estou a mostrar animação canadiana da NFB. Para a semana irão realizar uma ficha de avaliação e irei ensinar-lhes como funciona a máquina de filmar.


As turmas do 8º ano, terminaram as planificação dos filmes. uma das turmas já realizou 2 curtas-metragens e fizeram também o 1º corte, a montagem será feita por mim, visto não existir tempo suficiente para os alunos o fazerem. Vão também realizar uma ficha de avaliação, na qual ousei colocar uma pergunta de análise da sequência da Escadaria de Odessa, do filme "O Couraçado Potemkin" de Serguei Eisenstein. acho que vão conseguir, pois as reacções anteriores à dita sequência foram muito interessantes.


Bom trabalho para todos,

Paulo Rodrigues

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Em Quarteira



Mais uma semana de trabalho com a disciplina de cinema e quase a acabar o semestre. Nesta escola há 7 turmas, três do sétimo ano e quatro do oitavo. É obra. E pensar que quando começou o ano lectivo não havia nenhuma turma com a disciplina. Afinal, parece que os alunos até aderem e aqueles que tanto denegriram o cinema na escola e o trabalho desenvolvido, devem estar a engolir uns belos sapos. É claro que ainda há muitas arestas a limar, mas o futuro é promissor, principalmente quando vemos os alunos a adquirir conhecimentos, às vezes sem se aperceberem. Aí, sentimos que vale a pena. As turmas do sétimo já têm praticamente o percurso concluído. Começaram com os brinquedos ópticos com resultados acima da média (esta parte quase todos gostam). Com a animação, já deu para ver quem se interessa mais e quem estuda. Como faltam poucas aulas, não vou pôr os alunos a fazer um animatic. Não ia ter grandes resultados. Optei por lhes mostrar algumas animações que de outra forma lhes seriam provavelmente inacessíveis. Foi curioso vê-los a pedir para ver outra vez a “História Trágica com Final Feliz”. Ainda lhes mostrei as “Dimensões do Diálogo” do Jan Svankmajer e até tive algum receio das suas reacções, mas às vezes até parece que não são tão infantis. A maioria identifica facilmente as técnicas de animação, já os autores é mais difícil. Vamos ver na ficha para a semana como se portam.




Quanto ao oitavo ano, estamos a acabar de ver o documentário “A Magia da Montagem no Cinema”. Para mim são grandes aulas porque o documentário está bastante explícito. É pena não haver ainda uma edição em DVD em português (como quase sempre). Mais uma vez, os alunos revelam uma franca aquisição de competências: por exemplo quando conseguem relacionar o plano em que o tubarão se dirige em direcção à câmara no filme do Spielberg, com a “Chegada do Comboio” dos Lumière. Quantos jovens da idade deles o fariam? Depois veio a Montagem Invisível do Griffith e o efeito Kuleshov. Só é pena os alunos ainda terem certas dificuldades quando lhes peço que apresentem reflexões escritas. Mas esse não é um problema exclusivo do cinema, já vem de trás. Neste momento já estou a pensar refazer alguns materiais para o segundo semestre. Ideias não faltam.
Pedro Félix

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Fantástico... o visual é extraordinário e finalmente temos um "cantinho" para partilhar os nossos conhecimentos e descobertas, pois é difícil reunirmo-nos no dia-a-dia.
Ok,agora vou explorar esta coisa, porque para já sou leigo e ainda coloco um filme com 20gb no blogue!

Parabéns Pedro.

Saudações cinéfilas,
Paulo Rodrigues

Apresentação

Este blog foi criado pelos professores que leccionam a disciplina de cinema nas escolas que aderiram a este projecto pioneiro. O nosso objectivo não é formar realizadores (quem sabe?). Pretendemos incluir no curriculo do ensino básico uma área que trate da imagem em movimento, mas com uma vertente artística. Sabendo que a imagem tem um papel cada vez mais determinante na formação dos jovens, a escola deve oferecer a possibilidade de ensinar a desmontar a informação visual. A disciplina de cinema permite que os alunos adquiram várias competências ao nível da capacidade de expressão, comunicação, criatividade e também das novas tecnologias. O seu carácter interdiscilplinar permite estabelecer pontes com as outras áreas do saber, de forma a consolidar os projectos curriculares.
O cinema na escola é o herdeiro de um outro projecto da DREAlg: Juventude-Cinema-Escola, que há uma década tem formado público(s) para o cinema, levando centenas de alunos por ano a visionar em sala filmes que depois são estudados na escola. Estes projectos são complementares (a disciplina de cinema não substitui o JCE), e baseiam-se nos mesmos princípios.
Começámos com duas escolas, já somos 5 e já há mais escolas interessadas a aderir. Com a criação deste blog podemos mais facilmente partilhar as nossas experiências.